sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Zé do Caixão é o patrono do Brasil


A Encarnação do Demônio, o filme mais complicado (no sentido difícil de sair do papel) finalmente chegou aos cinemas ano passado. A trama é simples, depois de quarenta anos guardado num presídio o ex-coveiro Josefel Zanatas, Zé do Caixão pros chegados, é posto em liberdade e volta a buscar pela sua mulher única que lhe gerará o herdeiro perfeito. Em sua busca passa a ser perseguido por vários desafetos do passado, alguns vivos e outros nem tanto. No início do filme é muito duro engolir Mojica como o terrível vilão, velhusco e gordote andando pelo centro de São Paulo acompanhado por um hilário e maltrapilho corcunda, Zé do Caixão só se comunica aos berros ou em pequenos discursos em que come os esses, pintam alguns PMs molambentos com fardas totalmente absurdas, Zé pede um "caneco do seu melhor vinho" num boteco de favela, até ai estamos diante de uma das maiores comédias involuntárias dos últimos tempos, perdendo talvez somente para Falsa Loura de Carlos Reinchenbach, porém em dado momento algo acontece e todo aquele riso começa a ficar meio amarelo,surgem alguns fantasmas de parquinho e aos poucos a barra começa a pesar. Em algum momento a palhaçada inicial se transformou num pesadelo capaz de deixar um avestruz com náuseas, torturas que fariam com que qualquer diretor destes "almost-snuff" do sudeste asiático se borrarem de nojo e angústia. Essa transição do fajuto ao vômito, ao gore, a porrada no saco é uma das coisas mais originais feitas em cinema no Brasil nas últimas décadas, fico admirado que tamanha transgressão foi co-patrocinada pelo Cinemark, empresa ultra-careta, imagino as senhoras de classe média,que domingão a tarde, entraram inadvertidamente num Multiplex,baldão de pipocas jumbo no colo, vendo coisas como um rato sendo... bom, xáprala. Emblematicamente e genialmente o climax do filme se dá no Playcenter território no qual Mojica, o cineasta, devido às inúmeras políticas artísticas e econômicas esteve relegado nos últimos anos fazendo shows para pré-adolescentes mambembes em vez de cinema. Zé do Caixão se vinga do Brasil mostrando a todos nós o quanto é engraçado e medonho o nosso país, A Encarnação do Demônio é uma metáfora do Brasil, hilário e apavorante e o pior é que continua conosco após sairmos do cinema, grudado na mente, na forma de um pesadelo.

4 comentários:

  1. Dudu,

    Pena, porque fiz uma promessa de não entrar tão cedo nesse Cinemark-FDP.

    Não pode entrar com latinhas de refri de outro estabelecimento, a não ser as que são compradas na 'lanchonete?' da própria empresa Cinemark.

    Já fomos barrados, eu e marido, por isso. E sabe qual foi a alegação do gerente: 'É para a segurança do estabelecimento'...

    Daí você já sabe, né?
    Sou totalmente contra a idéia de encher-o-cú-de-dinheiro desses empresários malditos...

    Ah, mas dá pra entrar com a latinha escondida, o marido já fez o teste e passou. Aliás, você pode até entrar armado, menos com latinhas de refri de outras lanchonetes...

    Mas porque estou falando tudo isso justamente pra você?
    Um homem tão fino, um lord-multimilionário e que faz fusquinha pra esse império comercial de exibição de imagens...
    Me esqueço desse detalhe!

    Hehehehehe

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  2. Ah, sem dizer que de 30 filme exibidos no Cinemark, 1 só salva!

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  3. Eles dizem que é para a segurança das pessoas.Mas que mal uma latinha de refirgerante pode fazer a alguém? A não ser que você a arremesse cheia na cabeça de alguém a sua frente, coisa que só um louco faria,pois todos beberiam o conteúdo antes.Garrafa já é outra história. E copo de papelão de outro estabelecimento,pode?

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  4. Acho que pode...Não tenho certeza!
    Mas eles fazem de tuuudo pra complicar, porque daí acaba sendo muuuito mais prático acabar consumindo na lanchonete deles.

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