sexta-feira, 28 de agosto de 2009

O Melhor do Mundo!




Sim, que me perdoem os chiques, os descolados e cia.limitada. Não existe bar no Brasil, quiça no mundo, como o Bar Léo. Localizado no quadrilátero maldito da boca do lixo paulistana, a alguns metros da lendária Rua do Triumpho, polo do cinema marginal dos 70/80 que produziu obras de rarissímo valor e sensibilidade como 24 Horas de Sexo Ardente (primeira produção zoófila do Brasil), A Mulher Que Se Disputa ( melhor titulo de um filme brazuca) e o clássico dos clássicos, o Magnus Opus tupiniquim, nada mais nada menos que o inesquecível Oh! O Rebuceteio.


Mas bem, voltando ao maravilhoso boteco, não existe nada melhor do que ficar em pé ao lado de uma das mesinhas próximas a porta de entrada, com um chope e um Schnapps ao alcance das mãos, observando toda a fauna do esquecido centro de São Paulo, passam por lá os office-boys tardios que se perderam no tempo, senhores de meia-idade marcados pelo estigma da pastinha na mão, com seus olhares humildes, suplicantes como pedidos de desculpas. Passam por lá tiras "old-school", tigrões de camisas floridas tipo Thomas Magnum, correntes, anéis e pulseiras que cintilam sujeira e corrupção, geralmente estão acompanhados de advogados de pedras cintilantes nos dedos e gravatas de crochê. Passam os travestis pokpok,ou seja, paupérrimos, com as pernas manchadas por vorazes mordidas de pulgas, o silicone industrial vencido, o perfume barato que lhes precede em rastro. Passam as liricas prostitutas famélicas, num eterno flerte com todos os homens do mundo,tudo por um prato de comida, oferecendo em troca talvez o mais precioso dos bens: a ilusão. Passam os craqueiros magérrimos, muitas vezes agressivos, outras imersos na mais negra das depressões. Em frente ao léo passam todos os tipos, passa todo um microcosmo de uma intensa humanidade que só busca dar certo.


O prefeito almofadinha Kassab quer higienizar a cracolândia e consequentemente padecerá esse patrimônio paulistano, o Léo, e eu faço um apelo em feitio de oração: não deixe o Léo morrer, não deixe o Léo acabar.




Serviço: caso você queira se deparar com a minha beleza e com o melhor chope do mundo (os petiscos também são geniais) o Léo fica na Rua Aurora 100 esquina com Andradas, funciona de segunda a sexta das 11:00 às 20:30m e aos sabádos das 11:00 às 16:00.

12 comentários:

  1. Sanha higienista de Kassabmoronosjardins.
    Linda cronica, observacoes da alma.
    Boa sexta-feira.

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  2. Pois é, estamos revivendo os feitos do século XIX. Higienização e Urbanização agora! Se depender dos engomadinhos, os pretos, os pobres, as putas e os mocambeiros estão com os dias contados.
    Querem passar tinta suvinil® branca em tudo e todos!

    No Rio está rolando algo semelhante.

    Mas adorei demais o olhar nos pormenores. Coisa de cronista. Hehehehehe

    ;)

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  3. Só uma pergunta.

    Tem que beber de pé nessas mesinhas aí?

    Meu filho, depois de algumas garrafas eu já seria obrigada a me sentar no chão...o que não seria de todo ruim. Dá pra pegar um pedaço de tijolo lascado e discutir filosofia desenhando.

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  4. Nas mesinhas externas (para nós fumantes) sim, mas lá dentro tem mesas com cadeiras, mas conforme mencionado o grande lance é ficar com a fauna lá fora. Mais uma dica: evitem ir aos sabádos, o bar fica superlotado e por gente curiosa que em sua maioria não entende nada do babado.

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  5. Sem dúvida é um grande bar, estarei lá sabadão, apesar da lotação. Grande crônica Dudu, não deve nada aos profissionais do genero!Abraço!

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  6. Désir, concordo. Beber em pé é muito desconfortável. Essa onda de higienização e reurbarnização é muito equivocada e discriminatória. Termina atingindo lugares culturais , com toda uma historia de vida da cidade, impressa no ser humano que lá passeia, vive, se embriaga, se diverte...enfim...Eduardo, meu querido, tu é bom, sabia ? ah, assisti de leve um dia na rede Brasil: Oh rebuceteio ! Filme ótimo. Ei, me diz uma coisa: verdade que tu pinta o cabelo à caju ?

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  7. Glória,desculpe pela correção mas o nome correto da tintura é Acaju,tudo junto.Beijos!

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  8. Pode ser escrito dos dois jeitos. Inclusive existe uma marca de uso profissional em que a cor está escrito dessa forma na caixinha. Bjo !

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  9. Glorinha, o cabeça do Dudu tá com razão.

    Caju = fruta
    Acaju = cor

    Beijos

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  10. Eduardo Santanna, tudo bem? Talvez o meu ponto de vista não o interesse, mas vou dar assim mesmo.
    Estou surpresa com você, sério. No blog do Xico Sá, quando tu deixa aqueles recados ofensivos, passa a imagem de arrogância e ignorância. Pois bem, vim aqui dar uma olhada no seu blog e gostei.
    Tua escrita é leve e ao mesmo tempo inteligente. Espero que tu se dedique mais por aqui e deixe o Carapuceiro em paz.

    Um beijo.

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  11. Paula, ele é bom e vai agora se dedicar mais em encontrar uma tonalidade para seu cabelo, que não seja o cafona ACAJU. Mas olha, todos que navegam no Carapuceiro se acostumaram com seus comentários e até sentem falta. Melhor pedir pra ele continuar por lá nos divertindo e fazendo markting do Hálito, blog que já caiu no gosto do público do O Carapuceiro, concordas ?

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