domingo, 4 de outubro de 2009

Cinema pintado com chá, vida desenhada na água...


Cinema pintado com chá, vida desenhada na água...Pai e Filha de Yasujiro Ozu segue a máxima de Tolstoi que diz que ao falarmos de nossa aldeia estamos falando do mundo. Cinema mais íntimo, delicado, repleto de hiatos não existe, é o oposto da produção e da mente ocidental, dos cortes frenéticos e dos planos transbordando de ação inconsequente, tudo em Ozu é trabalhado com esmero, como em uma cerimônia de chá, um desenho de um ideograma que nos mostra a simplicidade do relacionamento entre uma filha e seu velho pai, muitas vezes cheio de momentos bruscos, e o rompimento dessa vida em comum com o casamento da moça. Viver, viver no presente é mensagem xintô do mestre Ozu, aproveite os frutos da árvore da vida hoje, amanhã a cerejeira já os expeliu e ficamos apenas com as folhas, a mensagem serve tanto para um mineiro do Casaquistão quanto para um ourives de Pirassununga. Aqueles que ainda tiverem condições de se entregar a um programa como Pai e Filha não devem perder tempo, as cerejas amadurecem rápido demais.

3 comentários:

  1. Sedento!
    Viver, viver e viver
    Acho que é o único abuso verdadeiramente saudável...

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  2. como um cara tao inteligente pode ser tao desencontrado... eu nao entendo e acho triste.

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  3. O anônimo, psiu! Me explique a sua definição de "desencontrado" filho (a).

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